terça-feira, 11 de novembro de 2008

Fiz meu ouvido de penico




há tempos escrevi um texto tratando das famigeradas festas da ufsc, parte do meu universo musical e cultural de então. aquele texto mantinha um tom de protesto, talvez de saudosismo e poderia soar apocaliptico também. mais de dois anos depois, ressuscito meu blog e retomo esse assunto. na verdade, creio apenas que estou velho e que deveria deixar essa discussão para os jovens. mas como todo velho ranzinza, quando algo assim começa, tenho que ir até onde o reumatismo permite.

acontece que sábado, por diferentes motivos, acabei parando na ufsc, já que havia lá uma festa — em pleno sábado!!! era de se esperar que não houvesse muitas cabeças por lá... ainda era cedo. encontrei um membro da primeira banda de saída. alguém ficou doente, alguns improvisaram e a abertura da festa foi providenciada. não vou culpar a a organização, nem as bandas que furaram, independente dos motivos. culpo a mim mesmo e assumo com todas as letras: fiz meu ouvido de penico.

como uma banda pode ser tão displicente no seu compromisso de ser uma banda? ser tosco não é pra quem quer. os ramones suavam a camisa pra parecerem desleixados. o pavement fez disso sua estética, sem deixar a qualidade de lado. kurt cobain mostrou isso ao mundo com toda as suas vísceras. mas estou querendo demais. blasfemando talvez. talvez deva beber mais, mas beber muito mesmo, pra quem sabe conseguir bater cabeça e uivar com o reconhecimento de riffs mal tocados, como alguns fizeram. o que esperar de uma banda que toca de led zepelin a mamonas assassinas? bom, fui a um baile e lá tinha a Zavajos tocando coisas desse tipo. ruim? em termos de arte diria que sim. nada de novo. nenhum critério. mas uma técnica esbanjada. agora o que os senhores da show de calouros nos apresentaram? no mínimo, uma grande piada a la andy kaufman, motivo pelo qual eu não estaria gastando agora meus últimos resquícios de neurônios. mas não creio que haja tamanha sofisticação por parte dos citados senhores. salvaria o vocal que me era apresentado pelo seu mínimo nível técnico apresentado, caso ele soubesse utilizar essas capacidades de acordo com a canção apresentada. o restante da banda acompanhava esse desnexo. o baixo parecia uma britadeira, insistente e desnecessariamente marcado. a bateria, creio que não era o baterista de sempre, "atravessava" o tempo e insistia em simular pedais duplos em toda e qualquer canção. creio que posso descarregar menos veneno contra o guitarrista, embora ele não seja nenhum santo. resumindo: não há culpados além de mim, um "dinossauro" da ufsc, acostumado aos tempos de outrora, aos "anos dourados", e incapaz de comprrender as inovações e tendências da juventude. confesso que sou retrógrado e reacionário e que, pelo prisma dessa minha convicção, fiz meu ouvido de penico.


juniores rodrigues é vocalista das bandas ¿vomitorama? e Dr.Fantástico. não canta lá essas coisas, mas se gaba por fazer um som sincero e minimamente calculado pra ser tosco, a exemplo dos grandes mestres.

4 comentários:

  1. Sim. somo a tudo isso a desonestidade musical de banda para público. É td uma grande trapaça aos ouvidos do público, estudante ou não...

    ResponderExcluir
  2. verdade, concordo com você, essas bandas de hoje em dia, esta completamente apoiado por mim

    ResponderExcluir
  3. a música é uma arte que não requer uma erudição tremenda pra ser feita, o que resulta em muitos levarem como brincadeira o que é pra poucos quase um forma de transcendência.

    ResponderExcluir